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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

110 anos de Mito






Compramos bens e serviços?

Não, não compramos só bens e serviços.

O nosso dinheiro vai para a caixa registadora de quem melhor entende os nossos sonhos, anseios e expectativas.

E as nossas necessidades básicas?

Conheço muito boa gente que deita as necessidades básicas para trás das costas e correm que nem balas atrás dum sonho ou desejo.

A minha prima pode estar a cair de fome, mas se antes de chegar ao restaurante encontrar uma montra de uma sapataria perde logo o apetite e troca o maior manjar por uns chanatos da moda.

Há um domínio muito bem explorado que procura quem já tem tudo e vive frustrado por ter deixado de sonhar. Aparecem com um anti-frustrante e descongestionante do coração, a paixão brota e o coração volta a bombear.

Há cento e dez anos apareceu acompanhada de um motor possante e palpitante, fazendo um tum-tum-tum de um contra-baixo que vibrava de entre as pernas até ao coração.
Nascida numa empresa de garagem, iniciou os primeiros passos em corridas e no exercito americano. A sua imagem foi sendo associada à liberdade das décadas de cinquenta a setenta.
Filmes e actores como Marlon Brando, Peter Fonda, Richard Gere,  entre outros, ajudaram a criar a sua imagem de rebelde.

Mas a Harley-Davidson é a melhor mota?

Não percebo nada de motas, mas já li e ouvi mais de que uma vez, que não.
Mas se não é a melhor, porque é que tantos ambicionam ter uma e muitos outros tanto a veneram. Será do tum-tum-tum?

Dizem-me que não é a melhor mota, mas é sem duvida o maior mito.

No entanto a certa altura acabou por ser ultrapassada pelas maquinas japoneses que com as suas Honda´s, Kawasaki´s e Yahama´s mais bem vestidas, brilhantes, sem ruído e sem poeira, e por isso politicamente  mais correctas.

Já quando em agonia, a Harley suspirava os últimos tum-tum-tum os funcionários assumiram a empresa para tentar resgatar o sonho.

Muitos perguntam se ainda existe alguém que queria sonhar um sonho antigo? 
Eu diria que muita gente.

Se na altura tivessem feito um estudo de mercado, os consumidores teriam preferido que o renascimento se fizesse com linhas futuristas e com a tecnologia avançada dos japoneses. Mas os estudos de mercado servem para pesquisar a razão. A Harley Davidson deu a volta por cima porque pesquisou o coração e fundamentalmente a paixão.
Assim dos pouco mais de 15% de quota de mercado, actualmente está na casa dos 55% e continua alimentar muitos sonhos.

Muitos actuais quarentões e cinquentões quando jovens sonharam e acalentaram guiar uma harley, para horror dos seus pais.
A ressuscitação da Harley veio permitir-lhes que depois trabalharem toda a semana, de fato e gravata, pudessem realizar o seu sonho ao fim de semana. Vestem-se de couro preto com ilhoses cromados, amarram um lenço na testa, se forem radicais colam uma tatuagem no braço e com cara de reguila, saiam estrada fora tum-tum-tum.

Na pratica eles só compram a realidade, o sonho e o tum-tum-tum são de borla.

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